segunda-feira, 1 de abril de 2013

Nelson Mandela é chinês e católico

Desembarco em Pequim e as tias do meu marido vêm nos buscar no aeroporto. Cidade grande, bonita, e em uma praça vejo uma grande torre quadrada parecida com as torres da Catedral de Notre Dame, com uma cruz ao pé e outra no topo. Mais adiante vejo outra dessas torres. E mais outra. Resolvo perguntar.

"Essas são torres em homenagem ao Nelson Mandela".

Ah, sim. Bom, faz sentido… Ou não? De qualquer forma, tenho coisas mais importantes a fazer, como assistir à sacada do prédio em frente ser projetada para fora e depois de volta a seu lugar, para logo em seguida os três meninos que se sentavam no sofá ali colocado se jogarem para baixo.

"Oh, céus, eles se mataram!"

"Não, fica tranqüila… Olha, eles caíram na sacada do apartamento abaixo."

Então todos os meninos em suas sacadas no prédio em frente resolvem se jogar em coreografia para o andar logo abaixo e um flashmob começa. E, como não poderia deixar de ser em qualquer flashmob que se preze, meu irmãozinho de coração Caio está participando.

"Mas o Caio não tinha ido para o Japão? Bom… O Japão é perto da China…"

Vou cumprimentar Caio, mas de repente uma confusão me impede de chegar perto dele. E um dos priminhos chineses loiros do John decide que foi ofendido de alguma forma pelo Caio e junta sua gangue de meninos de 8 anos para bater nele.

Não posso deixar meu irmãozinho apanhar, então vou atrás dos moleques - prestando atenção às placas da Avenida Shuan Shuan para saber voltar depois -, pego o priminho chinês loiro do John pelo topete e o ameaço. "Você é um moleque de oito anos de idade, recolha-se à sua insignificância ao invés de juntar essa pirralhada para dar uma surra no Caio!", ao que o loirinho se assusta e sai correndo para a barra da saia da mãe.

Tudo isso em frente a um cemitério. Volto pela Avenida Shuan Shuan para o restaurante onde a família do John me espera. Em meio ao almoço, uma de suas primas rouba meu prato. Mas com carinho, porque é assim que chineses são.

Aí meu despertador toca e eu acordo com a certeza de que meu subconsciente está mais do que ansioso para a viagem.

"Será que eu estou sonhando?"

Um sonho curtinho dessa vez.

E nem foi o Sherlock certo!
Me olho no espelho e não estou usando aparelho nos dentes. "Mas não me lembro de ter ido à dentista tirá-lo!"
Me aproximo do espelho. Passo a língua nos dentes e não sinto o aparelho. "Não é possível, será que
eu estou sonhando?"
Me viro então para o Sherlock Holmes ao meu lado e pergunto "Eu estou usando aparelho?". Ele me garante que não e então eu sei que não estou sonhando. Afinal de contas, Sherlock Holmes não mentiria para mim.